"Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo..." (Carlos Drummond de Andrade)

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Não sei quantas almas tenho

Quem é que nunca se sentiu uma metamorfose ambulante?! Vários acontecimentos gerando sentimentos mirabolantes, mexendo com a mente e mudando a concepção de ver os fatos... Já aconteceu isso com vocês Breves Viajantes? Comigo sempre! Mesmo que à primeira instância possa não parecer bom, prefiro que assim seja... pois, como dizia o eterno Raul, "Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo..."; Afinal, são tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Tantas pessoas que passam por nossas vidas e deixam um pouco de si. É tanta a troca de idéias, de conversas, de palavras. Por isso é difícil e diria quase impossível, sermos um só para sempre...



Não sei quantas almas tenho
(Fernando Pessoa)

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e ,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

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