"Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo..." (Carlos Drummond de Andrade)

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Nem sempre sou igual

Olá Breves Viajantes! Há quanto tempo! Estava sentindo falta de passar por aqui e compartilhar um pouco de Cores e Sabores com vocês!  E, para este retorno, trago um poema que retrata bem uma angústia que, se já não passamos em algum momento de nossas vidas, um dia passaremos: o sentimento do "eu mudei?", "porque acham que estou diferente?", se, em nossa consciência, continuamos os mesmos de sempre, apenas com vontades diferentes. São dúvidas que costumam aparecer quando somos questionados quanto ao nosso cotidiano. A rotina é algo que, particularmente, incomoda-me muito! Gosto de coisas novas todos os dias, de fazer as coisas de acordo com o meu humor, com a minha vontade e a minha inspiração. Acho que isso caracteriza também um pouco da minha necessidade de não ser sempre a mesma e agir de forma diferente dependendo de cada situação. E nisso, acho que muitos de vocês podem se identificar. Mas esse agir diferente perante determinadas situações não implica também numa mudança de alma. Podemos mudar pensamentos, atos e fatos, mas o que caracteriza nossa alma, ahhh, isso não muda! É essa a nossa essência de vida!



Nem sempre sou igual 
(Fernando Pessoa - Alberto Caeiro)

Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor de sombra.

Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,

Reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés - 
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade da alma...

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